terça-feira, 28 de outubro de 2008
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
Costela rachada
Uma verdadeira azafa e excitação: filmagens, fotos, figurinos a estrear, adereços, máscaras, enfim, como num passe de mágica, tudo o que seria necessário apareceu subitamente no domingo. Toda a equipa está de parabéns. Os técnicos também pela paciência e profissionalismo.
Eu sentia um misto de uma enorme insegurança e responsabilidade, pois pela primeira vez, algo que só existia na minha cabeça iria se materializar e imortalizar em imagens fotográficas e videográfica. Temia também pelo resultado, pela opinião das pessoas envolvidas... pois ideias havia muitas, intensões também, mas os resultados poderiam ficar aquém das espectativas criadas, que eram por sinal, muito elevadas. Fiquei muito contente com a reacção de pessoas que, do projecto em si, só conheciam a sinopse e a imagem do cartaz; o seu entusiasmo foi um autêntico motor de incentivo e de compensação pelas noites mal dormidas dos ultimos tempos.
Tudo corria a contento até eu ter dado uma aparatosa queda que me fez rachar uma costela, eu ter espetado por acidente uma espada no pé do Márcio Oliveira e ter levado uma inadvertida bofetada, menos teatral do que o espectado, que me provocou uma contusão no pescoço. Enfim, ossos do óficio... espectáculos com muita fisicalidade, armas, chibatas, chicotes e afins têm o seu quê que se lhe diga; já andavamos todos com dores em todo o corpo, joelhos e cotovelos esfolados e nódoas negras aqui e ali... agora com contusões, pés em sangue e costelas á banda, nem sei como será... a ver vamos.
Nascimento das máscaras
Houve cabelos rapados sem lágrimas, houve experimentação e espectativa, ensaio, erro e tentativa; foi o momento de ensaio das maquilhagens, quando as personagens saem do âmbito do psicológico e começam a ganhar corpo e imagem. De súbito nem pareciamos mais nós mesmos, mas aqueles a quem emprestamos voz e corpo, com se esse tomassem conta do ente que somos. Quando nos olhamos ao espelho não nos reconhecemos mais... Em todos começou a crescer a inevitável consciência da proximidade da estreia e que no dia seguinte teriamos o primeiro confronto com elemento que não estiveram integrados no processo de descoberta e investigação: a equipa de filmagens do Canal Lx, que iria gravar uma espécie de making of, a equipa da produtora Brave Ant, que iria gravar um spot televisivo e o fotógrafo da casa, Alípio Padilha, que iria pela primeira vez recolher imagens do espectáculo.
Eram já duas da manhã quando fotografei o Márcio Oliveira para a posteriadade, sabendo que na foto não estaria nenhum Márcio, mas sim La Fleur, criado de Sade e perguntando a mim mesmo porque será que estas coisas acabam sempre tão tarde.
sexta-feira, 17 de outubro de 2008
O processo de Sade
Este projecto tem mais de 18 anos, ou seja, já é adulto; começei a ler e apaixonar-me pela filosofia do Divino Marquês há muitos anos atrás, no entanto precisei de esperar quase vinte anos para me sentir seguro e maduro para levar por diante esta ideia.
Quando juntei pela primeira vez o elenco, todos se sentiram inquietos e inseguros, pois além do facto de a maioria deles nunca ter feito nudez cénica requerida neste espectáculo, o universo sadiano com toda a sexualidade libertina, libertária e desenfreada, além das intríssecas doses de violências inerentes ao mesmo, despertavam temores e receios, dúvidas e ansiedades. Assim embarcamos todos num processo terapêutico de descoberta e aprendizagem: dessenssibilização à nudez e ao toque, confronto e descoberta com os estado de patologias do foro psiquiátrico, reintepretação de sexualidades que nos eram estranhas e distantes, comprensão do jogos de preversão e de dominação/submissão, etc
De toda essa investigação, e sabendo de à priori os riscos artísticos que corriamos, foi nascendo a gênese desta criação, que de raiz ninguém sabia como ia ser: o estudo e dramaturgia de inumeras obra de Sade estava à muito feito e havia material para mais de cinco horas de espectáculo, mas o universo imagético desses mesmos textos foi criando por todos, com empenho e generosidade própria de actores-artistas, à medida que iamos progredindo na descoberta colectiva deste autor que coincidia com uma profunda introspecção individual.
Quando juntei pela primeira vez o elenco, todos se sentiram inquietos e inseguros, pois além do facto de a maioria deles nunca ter feito nudez cénica requerida neste espectáculo, o universo sadiano com toda a sexualidade libertina, libertária e desenfreada, além das intríssecas doses de violências inerentes ao mesmo, despertavam temores e receios, dúvidas e ansiedades. Assim embarcamos todos num processo terapêutico de descoberta e aprendizagem: dessenssibilização à nudez e ao toque, confronto e descoberta com os estado de patologias do foro psiquiátrico, reintepretação de sexualidades que nos eram estranhas e distantes, comprensão do jogos de preversão e de dominação/submissão, etc
De toda essa investigação, e sabendo de à priori os riscos artísticos que corriamos, foi nascendo a gênese desta criação, que de raiz ninguém sabia como ia ser: o estudo e dramaturgia de inumeras obra de Sade estava à muito feito e havia material para mais de cinco horas de espectáculo, mas o universo imagético desses mesmos textos foi criando por todos, com empenho e generosidade própria de actores-artistas, à medida que iamos progredindo na descoberta colectiva deste autor que coincidia com uma profunda introspecção individual.
quinta-feira, 16 de outubro de 2008
Blog Dia 1 - Ponto de Situação
Hoje inauguro este diário da produção do espectáculo «S de Sade», sendo portanto, a cerca de 15 dias da estreia, o primeiro dia deste blog.
Começámos os ensaios à cerca de 3 semanas e tem sido muito complicado e doloroso todos o processo de criação, com saídas e entradas de elementos no elenco, com angustias e vicissitudes. Finalmente o elenco estabelizou e os ensaios correm a um excelente ritmo, no entanto, todos perguntam para si mesmos como será possivel ter este projecto pronto para estreia no dia 31... eu, pessoalmente e como actor, também tenho as minhas dúvidas, no entanto, como encenador, confio em absoluto na dedicação, disponibilidade, generosidade e profissionalismo desta fantástica equipa que está a trabalhar comigo; deles vem toda a força e coragem para levar esta ousadia avante e sem eles este projecto não teria sentido.
Anteontem, eram já duas da manhã, quando a Natacha Paulino acabou os últimos esquiços dos elaborados figurinos, sob a minha dedicada orientação e olhar atento do Miguel Leitão. Hoje foi o dia da compra dos materiais para a execução dos mesmos e das primeiras provas; alguns figurinos tem de estar prontos para as filmagens de uma reportagem que o Canal Lx efectuará no próximo domingo.
Todos estamos a trabalhar incessantemente nesta aventura: a Raquel Belchior desdobrou-se em contactos de produção num stress apoplético, o Pedro Wilkinson está «internado» em casa a executar as complicadas máscaras do espectáculo, a Natacha desdobra-se entre a memorização de texto e a elaboração dos figurinos e eu ainda tenho de acabar de reescrever as últimas cenas da peça... e já passa da uma da manhã e às nove e meia recomeça a faina, às 17 horas tenho ensaio com o Márcio de um dos dificeis e intrincados textos....
Carissimos.... amanhã voltarei ao contacto para falar um pouco do processo de construção deste espectáculo.
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