sexta-feira, 17 de outubro de 2008

O processo de Sade

Este projecto tem mais de 18 anos, ou seja, já é adulto; começei a ler e apaixonar-me pela filosofia do Divino Marquês há muitos anos atrás, no entanto precisei de esperar quase vinte anos para me sentir seguro e maduro para levar por diante esta ideia.

Quando juntei pela primeira vez o elenco, todos se sentiram inquietos e inseguros, pois além do facto de a maioria deles nunca ter feito nudez cénica requerida neste espectáculo, o universo sadiano com toda a sexualidade libertina, libertária e desenfreada, além das intríssecas doses de violências inerentes ao mesmo, despertavam temores e receios, dúvidas e ansiedades. Assim embarcamos todos num processo terapêutico de descoberta e aprendizagem: dessenssibilização à nudez e ao toque, confronto e descoberta com os estado de patologias do foro psiquiátrico, reintepretação de sexualidades que nos eram estranhas e distantes, comprensão do jogos de preversão e de dominação/submissão, etc

De toda essa investigação, e sabendo de à priori os riscos artísticos que corriamos, foi nascendo a gênese desta criação, que de raiz ninguém sabia como ia ser: o estudo e dramaturgia de inumeras obra de Sade estava à muito feito e havia material para mais de cinco horas de espectáculo, mas o universo imagético desses mesmos textos foi criando por todos, com empenho e generosidade própria de actores-artistas, à medida que iamos progredindo na descoberta colectiva deste autor que coincidia com uma profunda introspecção individual.

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